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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dia Nacional de Combate à Cegueira pelo Glaucoma

Leôncio Queiroz Neto
Sem manifestar nenhum sintoma, a pressão dentro do olho começa a subir lentamente, levando à perda do campo visual. É o glaucoma, uma doença que acomete 67 milhões de pessoas pelo mundo e 900 mil brasileiros. Embora ainda não haja cura para esse mal, a medicina pode controlá-lo por meio de diagnóstico precoce e de colírios cada vez mais eficientes e com menores efeitos colaterais. O grande desafio dos especialistas quando o assunto é glaucoma é flagrar o problema o quanto antes e preservar a função visual dos pacientes, interferindo o mínimo possível em sua qualidade de vida. Não é tarefa fácil, pois essa é uma doença sem sintomas e, muitas vezes, não é percebida pelo paciente até que tenha ocorrido uma extensa perda do campo visual. É triste e frustrante para nós, oftalmologistas, receber um paciente com a doença em estágio avançado e saber que a situação poderia ter sido controlada se fosse descoberta mais cedo. Mais triste ainda é informar esse paciente que toda essa perda da visão é irreversível. Para os desavisados, o glaucoma é a principal causa de cegueira no mundo. Portanto, é preciso atenção. Ray Charles, músico recentemente falecido, já estudava piano aos seis anos de idade quando ficou cego em decorrência do glaucoma.
Como amanhã comemora-se do Dia Nacional de Combate à Cegueira pelo Glaucoma, torna-se imprescindível alertar toda a população que, normalmente, o glaucoma não pode ser evitado. Porém, com sua detecção nos estágios iniciais e com o tratamento adequado, a cegueira em função do glaucoma pode, sim, ser prevenida.
Para entender como surge o glaucoma, basta pensar no olho como uma pia, na qual a torneira e o ralo permanecem permanentemente abertos. O humor aquoso, um líquido produzido por uma pequena estrutura, chamada corpo ciliar (situada atrás da íris), fica constantemente circulando pelo cristalino, pela íris e pela córnea, nutrindo e limpando a região. Depois é escoado, através de um tecido, a malha trabecular, que serve como um ralo. Quando há falha na drenagem desse líquido, a pressão dentro do olho aumenta e comprime o nervo óptico. Esse nervo é o responsável por carregar a informação visual da retina até o cérebro. Comprimido, suas células nervosas vão morrendo lentamente, resultando em perda visual sem retorno.
Idade, hereditariedade e raça são consideradas quando se fala em causas do glaucoma. Embora possa afetar qualquer pessoa, quem tem mais de 45 anos, tem algum glaucomatoso na família (principalmente parentes de primeiro grau), tem descendência negra ou asiática está sob maior risco. Há ainda, outros fatores que podem interferir como diabetes, miopia, uso prolongado de medicamentos como corticóides e anti-depressivos ou alguma lesão ocular prévia. É importante citar que, como a pressão intra-ocular ocular elevada é o principal fator de risco para o desenvolvimento do glaucoma, mesmo se um paciente não tiver nenhuma das características acima, mas começar a apresentar resultados elevados na pressão do olho nos exames de rotina, o momento será de atenção.
Quando a doença é diagnosticada, as opções de tratamento vão desde o colírio, laser e até a cirurgia com ou sem o implante de válvulas. Contudo, a intervenção cirúrgica a laser ou convencional, que visa criar um novo caminho para “circular” o humor aquoso (aquele que se acumula no olho provocando o “sufoco”) é indicada apenas quando o tratamento clínico não controla bem a pressão do olho. Na maioria dos casos, os colírios agem de forma a manter essa pressão controlada. Ocasionalmente, também são necessários medicamentos via oral.
Como os leitores podem perceber, o glaucomatoso tem que ter disciplina, mas não precisa mudar completamente seus hábitos ou ter sua vida totalmente modificada em função da doença. Basta atenção e, assim, estará afastando a ameaça da cegueira. Não que seja fácil, mas é perfeitamente possível.
Lamentável é que, embora nos últimos anos o Brasil tenha avançado de forma espetacular na prevenção e no tratamento da saúde visual, as necessidades da população ainda estão sendo atendidas em ritmo muito aquém do que é adequado. Pesquisas apontam que 40% dos pacientes que tem o diagnóstico de glaucoma já chegam, em sua primeira consulta, apresentando cegueira em um dos olhos – o que caracteriza estágio avançado da doença. Reiteramos que os exames de rotina são essenciais para a saúde dos olhos, principalmente quando estamos falando de glaucoma. A consciência dessa necessidade, então, passa a ser vital para afastar a possibilidade de perder a visão. Sabemos, entretanto, que, se não houver um trabalho sério, integrando governo, profissionais médicos e entidades ligadas à área, o glaucoma continuará sendo uma das principais causas de cegueira evitáveis do Brasil, juntamente com a catarata.
Que esse Dia Nacional de Combate à Cegueira pelo Glaucoma possa ser um alerta para as pessoas, para que multipliquem o alcance dessa mensagem a respeito da importância da prevenção através de exames periódicos. Maior intercâmbio de informações entre oftalmologistas e pacientes, somado à intensificação do tratamento de controle da doença, são fatores capazes de mudar uma realidade triste, de pessoas que perdem a visão devido a uma doença que pode ser controlada.
"O olho é a janela do corpo humano pela qual ele abre os caminhos e se deleita com a beleza do mundo" - Leonardo da Vinci Entenda como surge o glaucoma e como age o colírio:
O humor aquoso é um líquido produzido no corpo ciliar. Cerca de 80% dele passa pelo cristalino, pela íris e pela córnea, nutrindo e limpando a região. A seguir é escoado através de um tecido, a malha trabecular. Os outros 20% são eliminados pela via úveo-escleral (Figura 1).
Quando há falha na drenagem do fluido, a pressão interna dispara e o nervo ótico é comprimido. Aos poucos isso provoca a morte das células nervosas, que deixam de enviar a informação visual para o cérebro (Figura 2).







Os colírios conhecidos como análogos de prostaglandina aumentam a drenagem do humor aquoso pela via úveo-escleral. Como? Eles deixam as fibras do corpo ciliar mais frouxas e facilitam a passagem do líquido (Figura 3).
Acesso a colírio pode reduzir cegueira
Inclusão de medicamentos para glaucoma nas farmácias de alto custo pode reduzir em 20% cegueira causada pela doença.
O glaucoma é um grave problema de saúde pública apontado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como a segunda maior causa de cegueira no mundo que responde 13% dos casos de perda irreversível da visão. No Brasil mais de 900 mil pessoas são portadoras da doença que causa a perda progressiva do campo visual, é incurável e exige medicação contínua. O problema segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, é que 2 em cada 10 glaucomatosos abandonam o tratamento e 67% dos pacientes pingam colírio de forma errada o que também compromete o controle da doença, conforme estudo feito pelo especialista com 2,7 mil pacientes, dos quais 81 eram portadores de glaucoma.
Na opinião de Queiroz Neto, um dos motivos que leva ao abandono do tratamento é o alto custo do colírio que varia de 64 a 102 reais por frasco, deve ser usado de uma a três vezes ao dia, dependendo da fórmula, além de muitas vezes ser necessário associar mais de um medicamento o que encarece ainda mais o tratamento. A boa notícia é que tanto os colírios como os medicamentos orais indicados para a doença foram incluídos no início desse ano na listagem dos remédios distribuídos pelas farmácias de alto custo do estado de São Paulo. Para o médico a iniciativa pode reduzir em 20% o índice de cegueira causada pelo glaucoma desde que o colírio seja aplicado corretamente.
As principais recomendações para o uso correto de colírios são:
  • Lave as mãos antes da aplicação.
  • Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar.
  • Incline a cabeça para trás.
  • Flexione a pálpebra inferior com o indicador.
  • Com a outra mão segure o dosador.
  • Coloque o medicamento sem relar no bico dosado, evitando a contaminação.
  • Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito.
  • Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais.
  • Se usar lentes de contato retire-as antes da aplicação.
  • Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação.
  • Em caso de prescrição de mais de um colírio aguarde 15 minutos entre um e outro.
  • Só aplicar medicação dentro do prazo de validade estipulado na embalagem.
Elevação da pressão intra-ocular é um dos fatores de risco
O especialista explica que os colírios combatem a elevação da pressão intra-ocular, maior fator de risco para a evolução das alterações oculares, mas não restitui ao paciente a visão já perdida em decorrência da doença, o que também representa um desestímulo para algumas pessoas. É um erro, adverte, porque a falta de controle da pressão intra-ocular permite a perda progressiva de células neuronais da retina, aumento da escavação do disco óptico e de danos no nervo óptico que é responsável por levar as informações visuais da retina ao cérebro e qualquer lesão em suas células são irreparáveis. Queiroz Neto ressalta que um estudo da Academia Americana de Oftalmologia demonstra que 50% dos portadores não têm elevação na pressão intra-ocular. Por isso, recomenda que após os 45 anos toda pessoa faça um check-up visual anualmente, que inclui “exame de fundo de olho” pelo oftalmologista, já que isoladamente a checagem da pressão intra-ocular pode não garantir a prevenção. O glaucoma, comenta, não apresenta sintomas e 40% dos portadores chegam à primeira consulta com cegueira em um dos olhos que indica estágio avançado da doença. Pertencem a grupos de risco descentes de negros e asiáticos, hipertensos, diabéticos, quem tem familiares com a doença, já sofreu traumas oculares, faz tratamento prolongado com corticóides ou antidepressivos e mulheres na pós-menopausa devido às alterações hormonais. O tratamento pode ser feito com colírio, em alguns casos por medicação oral que tem a inconveniência de reduzir os níveis de potássio, laserterapia e intervenção cirúrgica.

Como garantir os medicamentos
A liberação de medicamentos pelas farmácias de alto custo demora de 14 a 45 dias. Para ter acesso é necessário apresentar cópia do CSN (Cartão Nacional de Saúde) que pode ser retirado no centro de saúde mais próxima da residência do requerente, laudo preenchido pelo médico, receita em duas vias, termo de consentimento do paciente, cópias do RG, CPF e comprovante de residência. Os modelos tanto do laudo médico como do termo de consentimento encontram-se disponíveis nos sites das secretarias de saúde de cada cidade.
Além do glaucoma, as farmácias de alto custo oferecem medicamentos para artrite, diabetes, fibrose cística, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial sistêmica, toxoplasmose gestacional, lúpus, obesidade, osteoporose e transtornos psíquicos.

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